segunda-feira, 18 de maio de 2009

A estrada do café e o incêndio na arrecadação

O incêndio na arrecadação de material do Quitexe.
Foto de Francisco Neto, clicar para ampliar.
Entrada do Quitexe, do lado de Carmona .
Foto de Luís Fernando, jornalista angolano. Clicar, para ampliar.

O Quitexe era isto, da entrada de Carmona. À frente, logo à esquerda da casa verde, cortava-se para avenida principal (nova) e nessa transversal ficava a enfermaria militar. Os serviços militares, à excepção da quinta casa do lado esquerdo (a seguir à cor de rosa), funcionavam todos na avenida.
A ajuda de José Oliveira, do BCAV 1917 - que pelo Quitexe respirou saudades e pólvora entre 1967 e 1969 - permite-nos recordar a padaria civil do Tibúrcio, e por aí fora. Este arruamento correspondia à estrada que ligava Carmona a Luanda - a chamada estrada do café.
Agora, a história: a 17 de Janeiro de 1975 deflagrou um incêndio na casa a seguir à cor de rosa e que era onde estava instalada a arrecadação de material de aquartelamento e algumas munições e, se bem recordo, os quartos dos alferes milicianos. Foi um susto de todo o tamanho!
As labaredas celeremente «comeram» tudo o que lhe apareceu pela frente, sem dar muito tempo a que se deixassem combater. E havia a iminência do estouro de munições. Um perigo! Mortal!!! Apesar da pronta intervenção dos militares, a verdade é que, sem água que chegasse e sem bombeiros, não foi possível evitar a destruição do edifício.
Supostamente originado num curto circuito, o incêndio, vá lá..., ainda deu tempo a que os pertences pessoais dos militares fossem salvos, guardando-se da noite a imagem de camas, malas, roupa e outros equipamentos serem levados e pousados na rua, apressadamente! E a chegada, algo caricatural, de um carro de bombeiros de Carmona, que já nada vieram fazer. Não houve quaisquer danos pessoais.
A foto, a preto e branco (captada pelo furriel Neto) mostra dois militares, no rescaldo do fogo: um soldado (sentado) e o capitão Oliveira, à direita, de pé!
- CAPITÃO OLIVEIRA. António Martins de Oliveira, comandante da CCS da BCAV 8423. Natural de Viseu, residia em Ovar.

5 comentários:

G.Tavares disse...

Vim ver, dei uma volta, vou de certeza voltar! sem qualquer pretenção em termos de equivalência, memorias minhas dessas e outras datas, em cenarios de vida militar, passaram também diante dos meus olhos - pena é que, no meu caso, a pouca idade da época ou simplesmente a neblina do tempo que passa, mas devolva muito menos nitidas!
Recordar, guardar, transmitir a Memoria de um tempo que foi Historia Nacional-para além de amadurecer juventudes...
Bela missão, cumprida com muito talento, ou não fora este o autor!

Anónimo disse...

São estas histórias que nos fizeram mais maduros. O incêndio já me tinha passado, mas ao reler isto parece qe estou a vê-lo, foram momentos muito lixados.

Viegas (ex-furriel miliciano) disse...

G. Tavares:
É assim, é a vida!! A tropa, para a maioria de nós, é um tempo nunca mais esquecível.
O meu, é!

Anónimo disse...

A vivenda da foto era conhecida por casa das transmissões, baptismo feito antes da minha chegada.
Durante alguns anos foi enfermaria mas houve necessidade de mudar a mesma para instalações mais apropriadas. Era grande mas não funcional devido aos degraus e espaços interiores pouco amplos.
A entrada principal ficava na transversal para a avenida de baixo e tinha seis ou sete degraus, assim como uma entrada muito estreita. Devido a estas barreiras e talvez a outras que eu desconheça, sentiu-se necessidade de transferir os serviços para a rua transversal. Passou então, definitivamente, para a penúltima casa que tendo piso térreo e interiores mais amplos, oferecia condições consideráveis. Como as casas não eram propriedade do Estado mas sim arrendadas, havia interdição para obras dando azo á imaginação de cada Comando.
As Transmissões operavam na antiga Casa do Cantoneiro, do lado direito quando se entra no Quitexe e virada para a transversal.
Efectivada que foi a transferência da enfermaria, procedeu-se também á mudança das Transmissões para o espaço desocupado pela mesma. Por questões de segurança e logística, houve lugar a nova mudança e desta vez para o edifício do Comando. Assim, Comando, sala de Operações e toda a área de Transmissões ficaram juntos. Não fazia sentido percorrer-se centenas de metros com uma mensagem na mão! Muito menos quando vinha classificada de ZULU e se sentia um suor estranho nas mãos, para não dizer no corpo todo!
Como soe dizer-se na terra que me viu nascer, apartes á parte, mais uma vez a Casa das Transmissões ficou desocupada e já habituada a este entra e sai “prontificou-se” a receber novos hóspedes. Assim, passaram a ficar excelentemente instalados os Radiotelegrafistas, Transmissões de Infantaria e Ràdiomontadores. Estes não necessitavam de sair da vivenda para trabalhar porque a oficina funcionava numa das salas. Era naquela casa que se consertavam os aparelhos “Banana”, TR 28 …e não só! Era aquela casa hospitaleira que á noite ansiava pelos seus ocupantes para lhes dar espaço para o merecido descanso e aconchego dos seus corpos… e não só1
Mas afinal porque me torno repetitivo no “e não só”? Desconfio que é o meu subconsciente a querer avivar-me a memória! Vou ficar atento ás lembranças desta imponente vivenda que muito dignamente albergava o pessoal das Transmissões…e não só!

Um abraço

Casal

antoniocsfonseca@hotmail.com

Anónimo disse...

Eu;Alfredo Coelho, ( BURAQUINHO ) 1ºCabo Analise e depuração de águas, a foto do militar que está sentado no muro junto do capitão Oliveira em frente da arrecadação de material de guerra, e dormitório do sacristão da companhia, que teve esse maldito incendio,era e sou precisamente EU;Alfredo Coelho. Nunca me esquecerei da data,em que deflagrou o incendio,porque coíncidiu com a data do meu aniversário 17-01-1975. Caso curioso é que quando o Alferes Garcia se apercebeu do incendio, ele desatou a correr pela arrecadação para ir buscar quatro (4) granadas que lá estavam guardadas, e o comandante, Tenente Coronel Almeida e Brito começou a berrar com ele e mandou retirar o pessoal da beira porque podia a todo o mumento surgir explosões,que por sorte não surgiu.Viegas,tenho vindo a analizar as tuas capacidades,não só pelo que tens feito pela nossa C.C.S. do batalhão de Cavalaria 8423 perguntai ao inimigo quem somos,mas sim pelas responsabilidades que tens tido com exito na tua terra sobre os trabalhos que tens executado ao longo dos anos em que fos-te ou que és um exemplo para os teus conterrâneos e não só. Espero que tenhas FÉ em DEUS e saúde para continuares a fazer mais e melhor se possivel pelos da tua terra.Quanto a mim estás de parabens, e espero que continues sempre com esse espirito de jovem e dinamismo para continuar-mos juntos e felizes com os Cavaleiros do Norte *Quitexe ANGOLA. Teu amigo Alfredo Coelho ex.1º Cabo de Analise e depuração de Águas.