quinta-feira, 22 de abril de 2010

O meu primeiro dia de tropa...




Há 37 anos, hoje se completam, era véspera de eu assentar praça. Não me lembro muito bem, mas certamente foi um dia a imaginar muitos cenários e a gerir expectativas. Prevenindo-me para factos e emoções.
Era Abril de 1973 e ia no oitavo mês de luto pela morte de meu pai, já trabalhava e essa minha partida gerava alguns constrangimentos familiares, pessoais e afectivos.
Mas não havia como escapar e eu não também quis, teimosamente, beneficiar de qualquer apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. E à guerra!!! Gente próxima, bem se disponibilizou para isso. Mas teimoso e orgulhoso, aí me pus eu, faz hoje 37 anos, em traje de ir para a guerra.

Nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez a família dos Cavaleiros do Norte.
No bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de família e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: "Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!». Assim julgo ter feito.
Hoje, 37 anos depois, se me perguntarem, direi que valeu à pena ir à tropa. Que gostei. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas e glórias, me fiz melhor. Melhor, com a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo.
Não tivesse ido e ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!

2 comentários:

J. Silva disse...

Ó Viegas, como o tempo passa!!!

JotaC. disse...

Ó tempo volta para trás e dá-me a juventude que eu perdi eu e a malta toda
Saúde, Viegas e cumprimentos para a malta.