segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Albino que foi 1º. cabo atirador de cavalaria no Quitexe

Albino, Viegas, Neto, António e Florêncio, Cavaleiros do Norte (e do PELREC),
a 29 de Maio de 2010, em Ferreira de Zêzere

O Albino é este homenzarrão da esquerda, em retrato vivo e fresco, de 29 de Maio deste ano. Foi um dos «pelrec´s que jornadeou pelo norte de Angola, pelas matas do Uíge - do Quitexe e pelo Vale do Luege fora, ao largo dos rios Loge, Huamba e Lumenha, pelo Vamba e algumas serras de medos.
As serras eram as da Quimbinda e da Quibianga, a do Quitoque e do Canacajungue, por onde palmilhámos quilómetros e quilómetros de trilhos de traições e picadas do pó quente que nos comia o suor, sempre de ouvido atento ao zumbido mais leve de um mosquito, para que se ouvisse melhor o silvo d´alguma bala, o rebentar de algum morteiro ou granada, ou o explodir de alguma armadilha que nos perturbassem a paz e a vida.
Atirador de cavalaria, cumpridor sereno e colaborante de qualquer tarefa, sempre o 1º. cabo Albino foi de não falhar um serviço ou regatear uma tarefa - fosse qual fosse ela, desde que madrugávamos no Quitexe e, armados e sem medo, jornadeávamos pelo chão de Angola, carregados de armas que matavam ou nos defendiam da vida. Ou, no aquartelamento, sempre servidor de todas as horas.
Um dia, pelo Setembro de 1974, o bom do Albino aprontou-se para, na porta d´armas, fazer lugar de um companheiro que precisou de ir refrescar a garganta.
O que é lhe que custava? Nada!!! Ele ia num instante e vinha noutro e o Albino fazia a guarda. Só que no intervalo dos instantes, passou um oficial - um oficial daqueles de quem apetece sempre dizer mal, até apetece cortar-lhe uma orelha e pô-la ao lume... - e interrogou-o. E participou dele, sem defesa.
Foi castigado: 20 dias de prisão disciplinar agravada. E despromovido a soldado. Cumprido o castigo, foi mandado para Zalala, onde cumpria comissão a 1ª. CCAV., comandada pelo capitão miliciano Castro Dias.
O Albino apareceu no Encontro dos Cavaleiros do Norte, em Ferreira do Zêzere. Já não o víamos desde Outubro de 1974 e ele fez-nos memória desse episódio menos bom da sua vida militar.
«O gajo foi um filho da p..., pá!». Mas falou sem complexos ou constrangimentos. «O que eu queria era voltar a estar com esta malta do Quitexe, malta boa, pá...». E distribuiu abraços e sorrisos e contou histórias, na festa de Ferreira do Zêzere.
E a festa, pá... a festa esteve boa, ó nosso 1º. cabo Albino!
- ALBINO: Albino dos Anjos Ferreira, 1º. cabo atirador de cavalaria. Mora em Sintra e é empresário de construção civil.

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